Monthly Archives: abril 2020
O mistério do coronavírus: hipóteses e certezas

Um quê de mistério continua a envolver o coronavírus, ou COVID-19, a doença infecciosa que, em poucos meses, se espalhou pelo mundo, assumindo as características de uma verdadeira pandemia. Sobre a natureza deste vírus, existem muitas hipóteses e poucas certezas.
A mão de Deus e a mão dos homens

O cenário internacional da Primavera de 2020 é novo, inesperado e dramático. O que domina é a confusão porque ninguém pode dizer que sabe realmente o que aconteceu: de onde vem o Coronavírus, quando desaparecerá e como deve ser enfrentado. É certo, porém, que, no fundo deste cenário, continuam a combater-se na história duas cidades, Civitas Dei e Civitas diabuli: o seu fim é aniquilarem-se uma à outra. São as duas cidades de que fala Santo Agostinho: «Uma é a sociedade dos homens devotos, a outra dos rebeldes, cada uma com os anjos que lhe pertencem, em que de uma parte é superior o amor a Deus e da outra o amor próprio» (De Civitate Dei, liv. XIV, c. 13, 1).
Como São Carlos Borromeu afrontou a epidemia do seu tempo

São Carlos Borromeu (1538-1584), cardeal da Santa Igreja Romana e arcebispo de Milão, de 1565 a 1583, foi definido, no decreto de canonização, como «um homem que, enquanto o mundo lhe sorri com as maiores agruras, vive crucificado ao mundo, vive do espírito, rejeitando as coisas terrenas, procurando continuamente as celestes, imitando na terra, nos pensamentos e nas obras, a vida dos Anjos» (Paulo V, Bula «Unigenitus», de 1 de Novembro de 1610). A devoção aos anjos acompanhou a vida de São Carlos, que o conde de Olivares, Enrique de Guzmán y Ribera, embaixador de Filipe II em Roma, definiu como «mais anjo que homem» (Giovanni Pietro Giussano, Vita di San Carlo Borromeo, Tipografia da Câmara Apostólica, Roma 1610, p. 441).
Uma Páscoa que ficará na história

A semana da Páscoa de 2020 está destinada a ficar na história, pela sua natureza excepcional, como aquele dia de Fevereiro de 2013 em que Bento XVI anunciou a sua renúncia ao pontificado. Um misterioso fio condutor parece ligar estes dois acontecimentos. Liga-os o mesmo sentimento de vazio.
O “cisne-negro” de 2020?

O cisne-negro (Cygnus atratus) é uma ave rara, originária da Austrália, que assume tal nome pela cor da sua plumagem. Nassim Nicholas Taleb, um analista financeiro, ex-trader em Wall Street, no seu livro O cisne-negro (The Black Swan: The Impact of the Highly Improbable, Random House, New York 2007), escolheu esta metáfora para explicar a existência de acontecimentos inesperados e catastróficos que podem perturbar a vida da comunidade.